Entre os dias 22 e 24 de outubro, o Fórum Nacional de Reforma Urbana fará em Recife seu encontro nacional, que acontece a cada dois anos e é um momento de grande atualização da agenda de lutas pelo direito à cidade no Brasil. Este ano, um dos principais assuntos do movimento é uma revisão do ideário da reforma urbana face às novas dinâmicas econômicas que vive o mundo, e a produção de um novo diagnóstico acerca da realidade das cidades brasileiras. A UNMP participa da coordenação do Fórum e seus mais de 30 representantes de diversos estados estarão lá defendendo nossas propostas.
Desde o início do ano, o FNRU vem colocando-se a necessidade de um novo olhar sobre as cidades, a fim de conhecer melhor os novos sujeitos sociais urbanos, onde estão os novos circuitos econômicos que perpassam a realidade das periferias mas não necessariamente são reconhecidos pelos poderes político, econômico e midiático. Outro desafio conceitual é lançar uma nova perspectiva que inclua, na luta pelo direito à cidade, os critérios de etnia e raça, gênero e juventude. As desigualdades sociais já não podem ser vistas apenas pela perspctiva de renda. Elas precisam ser analisadas em todos os seus cortes, e o espaço urbano pede essa revisão, pois é o palco de expressão destas desigualdades através da vida de indivíduos e grupos sociais que têm cara, nome e inserção próprias. O reconhecimento desses critérios é uma forma de aproximar a luta da realidade das ruas.
Mas para além de uma avaliação ampla do que significa lutar por cidades mais justas e democráticas no Brasil de hoje, o encontro nacional do FNRU tem dois outros grandes objetivos. Um deles diz respeito à preparação para a 4ª Conferência Nacional das Cidades, que acontecerá ano que vem. As conferências nacionais já provaram ser um grande momento de participação social junto ao governo federal, abrindo enormes possibilidades de intrervenção social sobre as políticas públicas que irão afetar a população nos anos seguintes. Elas são a hora de propor visões democratizantes sobre as cidades, de propor políticas de acesso justo e sustentável à riqueza e aos benefícios do espaço urbano, de enfim construir cidades que não mais reproduzam as desigualdades. Ao contrário, que nivelem a sociedade de forma mais justa e igualitária. Por isso, este próximo encontro vai discutir a posição do FNRU para o início deste processo ainda neste 2009, quando as conferências municipais vão começar a tirada de posições e aglutinação social visando a conferência nacional de 2010.
Finalmente, o encontro nacional do FNRU vai abordar um evento de imensa importância na luta global por cidades justas e democráticas: o Fórum Urbano Mundial, que vai acontecer no Rio de Janeiro em 2010. Ali, o Brasil será o foco de um debate de alto nível sobre que tipo de cidades queremos no mundo do século 21. Continuaremos com cidades que excluem, sacrificam e penalizam suas populações mais pobres? Ou vamos enfrentar o desafio de promover políticas urbanas de igualdade e democracia? Para somar forças na luta por um espaço urbano mais justo no país, o FNRU vai tratar, neste encontro, de pôr em prática a iniciativa de chamar diferentes atores da sociedade brasileira cuja atuação esteja de alguma forma conectada à perspectiva urbana. A atualização da agenda das lutas por reforma urbana, portanto, tem um horizonte de ampliação e agregação de novas forças, novas vozes, novos cidadãos e cidadãs que lutam por cidades melhores para todos e todas.