Construído para atender famílias que ganham salário mínimo.

De pé, andando de um lado ao outro da sala onde acontece uma reunião, a jovem mãe Alessandra, 18 anos, tenta acalmar sua filhinha recém-nascida, que chora aos prantos. Talvez, por não suportar aquele ambiente estranho, cheio de gente diferente falando às alturas.

“Estou muito contente e ansiosa, enfrentar uma reunião com meu bebê na expectativa de receber meu apartamento não é nenhum sacrifício. Meus filhos vão compreender isso”. Afirma a futura moradora Sandra que expressa no rosto um ar de felicidade.

 

Sandra, como é conhecida, é a chefe de uma das cinquenta e seis famílias de Floriano convocados pela Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários do Piauí, FAMCC para uma reunião no auditório do Sindicato dos Comerciários para tratar das regras contratuais e do uso coletivo do espaço do primeiro condomínio popular do município, o Catumbi.

Segundo ela, por iniciativa dos movimentos que lutam por moradia no Brasil, o governo federal repassou alguns de seus imóveis para fins de habitação de interesse social. Mas que isso só aconteceu depois de “muita peleja”.

A presidente da FAMCC, Neide Carvalho, fala que o movimento tem lutado e conseguido resultados muito importantes para habitação, a exemplo da liberação de recursos para construção de novas habitações através do programa “minha casa minha vida” ou de doações de alguns de seus imóveis para fins de habitação de interesse social, como é o caso do velho prédio do INSS de Floriano que se encontrava abandonado.

“O velho prédio foi demolido e em seu lugar construiu-se edifícios modernos que servirá para habitar famílias de renda inferior a três salários mínimos”. Disse a presidente.

Ela fala ainda que se todos: governos, iniciativa privada e sociedade civil organizada se unirem em torno do problema da moradia o déficit será eliminado no Brasil, mas, sobretudo no Piauí.

Condomínio Catumbi

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São cinquenta e seis apartamentos distribuídos em quatro blocos de cinco andares, sendo quatro por andar.

“É uma construção nova, verticalizada, com espaço de uso coletivo, mas com água e luz individualizada e sistema de gás canalizado”. Há, também, uma vaga de estacionamento para cada morador mesmo que este ainda não tenha um veículo. Afirma a presidente.

Para Neide “é um orgulho, esta é primeira experiência, no Brasil, de um projeto em que o governo federal repassa alguns de seus imóveis fechados ou subutilizados para construir moradia mais barato para as pessoas mais pobres”. Afirma.

Ela acrescenta que “este é o primeiro condomínio popular do Piauí, construído para atender famílias que ganham salário mínimo” e que o valor de um apartamento é de 36 mil reais, mas cada família só devolverá aos cofres do governo, sete mil.

A prestação do apartamento vai variar entre 50 a 150 reais, dependendo do valor da renda mensal de cada família beneficiária do imóvel.

Imprimindo nova cultura

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Morar em condomínio fechado exige das pessoas, práticas diferentes, de convivência. Para Neide, será uma quebra de paradigma. Pois, “no Piauí ainda não é muito comum família assalariada usar e construir o espaço de convivência de uso coletiva, ou seja, como viver em condomínio”.

Com explicações sobre o contrato social e a definição das regras de bom uso do condomínio Catumbi o agente da Caixa Econômica, Luiz Carlos, espera que ajude a estabelecer a nova cultura, mas que, sobretudo torne mais fácil e tranquilo o momento em que o condômino, de primeira viagem, deva assinar seu contrato.

Ele disse que “a Famcc encabeça a ideia da construção vertical e ao que tudo indica dará certo. Nesse local se edificou uma obra bonita onde se tinha um prédio praticamente abandonado que não cumpria sua função social”.

“Moro de aluguel a dez anos e o desejo por uma casa própria nunca saiu da minha cabeça. Meu marido está muito feliz. O sonho se tornou realidade, agora podemos planejar melhor nossa vida”. Falou Maria José, esposa de Adelmar e mãe de dois filhos, uma das moradoras do Residencial Catumbí.

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