ATO CONTRA A CORRUPÇÃO NO MINISTERIO DAS CIDADES

Nesta terça-feira, 8 de julho de 2008, organizações e entidades ligadas ao Forum Nacional de Reforma Urbana realizam ato público em defesa da reforma urbana e contra as recentes denúncias de corrupção em ações de habitação e saneamento no Ministério das Cidades.

Representantes de entidades populares, ong´s e sindicatos de diversos estados brasileiros se concentrarão a partir de 11 horas em frente ao Ministério das Cidades onde farão uma lavagem simbólica da entrada do prédio. Os manifestantes defendem o fortalecimento de instrumentos de controle social, a investigação e o imediato afastamento de funcionários envolvidos nas denúncias.

Em seguida, os participantes devem se dirigir ao palácio do Planalto onde distribuirão seu manifesto.

Às 15 horas, durante a cerimônia de posse do Conselho Nacional das Cidades, o manifesto será lido e os conselheiros também se manifestarão.

ATO CONTRA A CORRUPÇÃO NO MINISTERIO DAS CIDADES
8 de julho de 2008
11 horas “Lavagem do Ministério das Cidades” Esplanada dos Ministérios, Bloco A
13:30 horas “Manifestação em frente ao Palácio do Planalto”
15 horas “Posse do Conselho das Cidades” Hotel Nacional

Carta ao Povo Brasileiro em
Defesa da Reforma Urbana e Contra a Corrupção

Indignação, este é o sentimento das organizações e entidades nacionais que compõem o Fórum Nacional de Reforma Urbana em relação aos últimos acontecimentos envolvendo agentes públicos do Executivo e Legislativo no desvio de recursos de projetos de habitação e saneamento.
As organizações e entidades nacionais que historicamente fazem a luta pela Reforma Urbana no Brasil pela construção da Polí­tica Nacional de Desenvolvimento Urbano e Polí­tica Nacional de Mobilidade Urbana que lutaram pela aprovação do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social e do Sistema Nacional de Saneamento.
A conquista de recursos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), destinado à  urbanização de favelas, produção de habitação e obras de saneamento veio saldar uma dí­vida histórica de abandono há décadas do poder público para com as populações excluí­das das cidades. Esta dí­vida com os excluí­dos precisa ser paga com urgência, para reverter os padrões de exclusão e segregação de nossas cidades.
Entendemos que o PAC de Habitação e Saneamento para mudar estruturalmente esses padrões deve estar subordinado aos objetivos e diretrizes da polí­tica urbana estabelecidas no Estatuto da Cidade para a promoção do direito à  cidade sustentáveis. Entendemos que somente através desta medida o PAC poderá melhorar a situação de milhares de pessoas que vivem em condições subumanas de moradia, em regiões de risco e degradação ambiental, apontando para cidades menos injustas e desiguais.
Neste sentido, as organizações e entidades nacionais na luta pela Reforma Urbana reafirmam a importência estratégica do PAC para as populações de baixa renda de nossas cidades, porém repudia com veemância todo e qualquer tipo de corrupção com recursos públicos.
As organizações e entidades nacionais de luta pela Reforma Urbana repudiam também qualquer tipo de tráfico de influência, clientelismo e a “Polí­tica de Balcão” que prejudica de maneira drástica a polí­tica social destinada a estas famí­lias. O desvio de recursos públicos é uma ação hedionda, nefasta e os corruptos e corruptores devem pagar por este crime.
As organizações e entidades nacionais que compõem o Conselho das Cidades acompanharão as apurações em curso pela Polí­cia Federal, Ministério Público Federal, Controladoria Geral da União, no sentido de garantir a transparência na aplicação dos recursos públicos para o desenvolvimento das cidades.

As organizações e entidades nacionais de luta pela Reforma Urbana têm defendido, desde a criação do PAC, através de mobilizações, documentos e Resoluções do Conselho das Cidades, que este deve estar submetido à  lógica dos Sistemas de Habitação e Saneamento, inclusive sob o controle social das instâncias de participação popular, acompanhando e fiscalizando a gestão de Programas, de forma a garantir a sua transparência e a inibir a ação dos corruptos.
Neste sentido o Movimento pela Reforma Urbana, exige:

  1. A vinculação das ações do PAC às aplicações da polí­tica urbana instituída no Estatuto das Cidades e do Sistemas Nacional de Habitação de Interesse Social e de Saneamento e Mobilidade Urbana.
  2. Afastamento Imediato dos cargos de governo e do Congresso Nacional de todos os investigados.
  3. A criação de uma Comissão de Monitoramento das investigações no âmbito do Conselho das Cidades.
  4. Implementação imediata da Comissão de acompanhamento e monitoramento no sentido de garantir o Controle Social do PAC conforme resolução já aprovada no Conselho das Cidades;
  5. Balanço do Comité do PAC da Presidência da República, em todas as reuniões do Conselho das Cidades, sobre o andamento do Programa;
  6. Reunião com o Presidente Lula para debater agenda polí­tica da Reforma Urbana.
  7. Prazo para o envio ao Congresso Nacional de Projeto de Lei que cria o Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano.
  8. Revogação da nomeação da Secretária Nacional de Programas Urbanos Tereza Jucá do Ministério das Cidades, que responde a diversos processos de improbidade administrativa, por entendermos que a sua permanência representa uma agressão a polí­tica urbana aos atores urbanos que vem construindo uma polí­tica nacional de inclusão social.

Reforma Urbana, Já!
Brasí­lia, 8 de julho de 2008.