O planeta Terra – “nossa casa comum”, diz o Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si’ (2015) – está ferido de morte. Grita e exibe chagas profundas por toda sua superfície, algumas das quais irreversíveis. As pessoas, os animais, as plantas e as coisas experimentam relações sempre mais tensas, conflituosas e turbulentas. Cada espécie de fauna e flora que se extingue, diminui a qualidade da vida em todas as suas formas (biodiversidade) na sua rede de conexão harmônica e integral.

O ritmo da natureza não é capaz de reciclar o ar, a água, os oceanos, as florestas, enfim, os ecossistemas em geral, com a mesma velocidade com que os contamina a política econômica globalizada. A partir da Revolução Industrial, acelera-se de maneira frenética e vertiginosa um projeto de produção, consumo e descarte que vem causando a ruína da terra juntamente com a ruína de uma justa prática política. O sistema capitalista, de filosofia liberal, revela-se selvagem e antropofágico.

Ao mercantilizar aquilo que toca, devora-se a si mesmo e devora tudo o que encontra pela frente. Fartura de bens, miséria, fome e desperdício coexistem lado a lado de forma estridente e escandalosa.

Também está enferma a democracia. Em distintos países, como recentemente nos Estados Unidos, por exemplo, poderosos bilionários se apoderam dos instrumentos e mecanismos democráticos para implementar verdadeiras ditaduras. A razão, a ciência e a tecnologia, em suas pretensões absolutas, estão nos conduzindo a um beco sem saída irracional. O mundo contemporâneo, se revela, ao mesmo tempo, social e ecologicamente insustentável, como mostra o autor alemão Ulrick Beck no livro Sociedade de risco – rumo a uma outra modernidade.

Desse cenário pouco animador decorre o tema da 31ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas: Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia, tendo presente que o tema permanente segue sendo A Vida em Primeiro Lugar! Nessa economia, movida pelo motor do lucro e da acumulação do capital, áreas como o trabalho e a distribuição de renda, a saúde e a habitação, a comunicação e a educação, a segurança e os transportes terminam em segundo plano, ou se veem pura e

simplesmente esquecidas. Por outro lado, naturaliza-se a violência em suas mais diversas formas e, com ela, o preconceito, o racismo, a discriminação e o machismo, quadro em que são vítimas as crianças, as mulheres, os povos originários e os estratos mais vulneráveis da população. Com as mudanças climáticas e a desigualdade socioeconômica, crescem as migrações forçadas, as deportações e a violação dos direitos humanos. Pressionado pelos representantes das

oligarquias históricas, instalados no Congresso Nacional, as políticas públicas são abortadas e engavetadas como letra morta.

Neste ano jubilar em que somos convidados a ser Peregrinos de Esperança, o Grito será potencializado por uma nova edição do Plebiscito Popular, no qual estarão em pauta trabalho e distribuição de renda, economia e formas de violência estrutural, pobreza e dívida pública.

A Coordenação Nacional

Grito dos Excluídos

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  • Em São Paulo o ato já tem ponto de encontro marcado: 7 de setembro na Praça da República, Centro, às 9h

Publicado originalmente em: https://www.gritodosexcluidos.com