Na madrugada do último domingo (16), a concessionária de energia de Manaus cortou o cabo elétrico comprado pelas famílias moradoras da Ocupação Alcir Matos. A ocupação conta com 52 famílias, coordenadas pela UNMP – União Nacional por Moradia Popular/AM, instituição que trabalha na articulação pelo direito à moradia popular e acesso a políticas públicas, no âmbito dos três poderes.

A Ocupação Alcir Matos, localizada na área central de Manaus, surgiu no início de 2016, como resultado da remoção involuntária e violenta promovida pelo poder público contra os moradores da ocupação Cidade das Luzes. Em setembro do mesmo ano, as famílias conquistaram o direito de ter seu prédio aprovado como Habitação de Interesse Social. 

Em 2019, o Tribunal de Justiça do Amazonas determinou o sorteio que acabou por indicar o Movimento de Mulheres Unidas por Moradia (entidade filiada à União Nacional por Moradia Popular) como entidade beneficiária da reforma habitacional.

No entanto, apesar da Justiça indicar o contrário, desde agosto de 2020, a concessionária de energia vem realizando ameaças de despejo contra os moradores. Em flagrante desrespeito à justiça e total insensibilidade com as famílias, na madrugada do último domingo (16) a concessionária cumpriu a ameaça que havia feito de cortar um cabo de energia elétrica, que pertencia e foi comprado pelas famílias moradoras da Alcir Matos.

“Ele foi comprado pelo povo, pagamos com sacrifício da população que fez cotas para obter essa conquista, é desumano”, afirma Cristiane Telles, da União Nacional de Moradia Popular

Além disso, as famílias vêm sofrendo ameaças de corte de água, uma ação que além de ilegal é, também, desumana. É vergonhoso ter que lembrar, novamente, que o Brasil passa por uma pandemia que já vitimou quase 110 mil pessoas e a água é recurso fundamental para que a sociedade como um todo – não apenas os moradores das ocupações – possam sobreviver.

Tais condições (remoção involuntária e violenta e desamparo social e político), provoca trauma e desamparo. Ações como essa, da concessionária de energia, são situações que tentam, a todo modo, desestimular, silenciar vozes de sujeitos, colocando-os em posições de permanente sofrimento. Todo apoio e altivez às famílias do prédio Alcyr Matos.