Foi com esse grito de guerra que os moradores do Jd. Sabará aprovaram que irão até o fim para reaver seu dinheiro, pago em contratos fraudulentos firmados pela COHAB
 
No dia 25 de fevereiro de 2010, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) referendou a decisão de instâncias inferiores e acolheu ação do Ministério Público que contestava os contratos firmados entre a COHAB (empresa da Prefeitura de Curitiba que cuida da área de habitação) e moradores da região da Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O STJ definiu que tais contratos devem ser anulados pois os terrenos não pertenciam a COHAB, além de outras irregularidades.
 
Desde esta data, a Associação de Moradores da Vila Eldorado, Vila Esperança e Vila Nova Conquista vem estudando a melhor forma de lutar pela garantia da posse da terra e também pela devolução do dinheiro usado na compra dos terrenos que foi pago a COHAB. São 37 mil famílias lesadas pela Prefeitura de Curitiba; outras vilas atingidas pela decisão do STJ são: Vitória Régia I, II e III, Barigui, Nossa Senhora Aparecida, Sete de Setembro e Colombo I e II.
 
Aproveitando o Dia Internacional dos Trabalhadores, as Associações, apoiadas pelos movimentos populares de luta de Curitiba, marcaram uma assembléia para o dia 02/05/2010. A assembleia foi um sucesso, com mais de 250 pessoas, e aprovou que a luta contra o estelionato da COHAB está apenas começando. A assembléa contou com a condução de lideranças locais, como Seu Osmano e Sebastião, que, ao longo de sua história de luta, tiveram ainda que organizar os moradores contra as associações de “moradores” cooptadas pela prefeitura.
 
Os advogados ligados a Terra de Direitos e Ambiens Sociedade Cooperativa também se pronunciaram, explicando aos moradores detalhes jurídicos da ação. O bacharel em Direito Felipe Spack lembrou que o dinheiro que cada pai e mãe de família retirou da comida dos seus filhos (para pagar as prestações) foi usado pelo governo municipal para beneficiar grandes indústrias e reforçar o modelo da cidade excludente de Curitiba. 

Mostrando a força do movimento dos moradores e a justeza da causa, vários sindicatos, entidades estudantis, partidos de esquerda e movimentos sociais enviaram apoios a luta dos moradores do Jardim Sabará. Outras associações de moradores apostam que a luta do Jd. Sabará pode abrir espaço para novas lutas em outros locais e para a derrota da política habitacional da Prefeitura de Curitiba, que sempre apostou na venda de terrenos, ao invés da garantia do direito à moradia.

Ao final da assembléia, os moradores não tiveram dúvidas de que foram enganados pela COHAB e gritaram bem alto: “Cade o dinheiro, quem é que sabe? Eu fui roubado no contrato da COHAB”