Exclusão urbana e ausência de moradia na cidade de São Paulo congregou mais uma vez os participantes do Grupo de Articulação para Conquista de Moradia para o Idoso da Capital (GARMIC) em reunião desta sexta-feira (19/09), na Sala Sérgio Vieira de Melo, da Câmara Municipal de São Paulo.
A coordenadora do GARMIC, Olga Leon de Quiroga, que há anos milita nos movimentos populares de moradia, relatou os últimos avanços no setor. Felicitou os idosos que participaram de passeata iniciada na Praça da Sé em memória dos moradores de rua assassinados em 19 de agosto de 2004. Na semana passada, mais três moradores de rua foram mortos e um foi queimado. “A gente não pode se omitir porque não temos onde ficar, fazer higiene. Dessa forma como conseguiremos emprego?”, diz Olga, que também atua na Central de Movimentos Populares.
A coordenadora do GARMIC também saudou os presentes que estiveram no Ato para Valorização da Defensoria Pública, realizado no dia 1º de setembro, na Liberdade; nas palestras da Associação Nacional de Gerontologia e nas atividades do Centro de Referência da Cidadania do Idoso (CRECI). “O idoso que fica em casa conversando com as paredes, com o cachorro, fica doente”, salientou.
Um dos participantes da reunião, o aposentado Antonio Dias Carneiro, de 67 anos, conta que desde 09 de dezembro de 1981 está na fila da COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação) à espera de sua moradia popular. Para provar o que está falando, Carneiro exibe sua ficha de demanda cadastrada no órgão. “A gente arrumou uma casinha velha e alugada, mas o dono quer agora a casa de volta para vender. Não recebi nem uma carta da COHAB”, reclama.
“Nós não temos força nenhuma para obrigar o governo, a Secretaria da Habitação e a COHAB a nos dar moradia. Até quando vamos ficar esperando?”, pergunta José Pedro Fernandes, do Grande Conselho Municipal do Idoso, que há três anos foi alvo de uma ação judicial de despejo.
Olga Leon de Quiroga também protestou contra o desrespeito à lei que reserva assentos para idosos nos ônibus e metrôs e conclamou os que têm mais de 70 anos a votarem nas próximas eleições, mesmo eles não sendo obrigados a tanto.